Dia
21 de abril - Dia de Tiradentes
"LIBERTAS QUAE SERA TAMEM",
LIBERDADE AINDA QUE TARDIA. | | |
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Tirandentes, Joaquim José da Silva Xavier,
um dia disse: "Esta terra há de ser um dia maior que a Nova Inglaterra!
Mas, as suas riquezas só as poderemos alcançar no dia em que nos
libertarmos do jugo dos portugueses para sermos os senhores da terra que é
nossa".Por mais ambíguo que possa parecer, em 21 de abril, comemoramos
o dia do primeiro sonho de um Brasil livre da colonização portuguesa,
exato dia esse em que Tiradentes, no ano de 1792, morreu enforcado. É
bem verdade que a Inconfidência também beneficiou uma turma abastada
que estava em débito com a coroa, já que envolvia alguns dos mais
ricos e mais prestigiados homens da capitania, mas ela foi o início da
mudança que pretendia a liberdade do Brasil do domínio colonial
português. De lá para cá realmente muita coisa mudou, além
de Portugal não ser mais nosso inimigo. E há de se creditar parte
dessa mudança, dos rumos tomados pelo país, a Tiradentes. Com
a certeza de que suas idéias libertárias não foram reprimidas
quando o governo resolveu destruí-las, por intermédio da violência
e da forca. Ao contrário, nesse dia elas passaram a ganhar toda força
necessária para serem concretizadas. Joaquim José da Silva Xavier,
nasceu em Pombal, distrito de São João del Rey (hoje Tiradentes/MG),
em 1746. Com o falecimento da mãe, em 1755 e de seu pai, quando tinha 11
anos, todos os irmãos são distribuídos entre os parentes.
Tiradentes ficou com seu padrinho e tio, Sebastião Ferreira Leitão,
que era cirurgião, e o ensinou a prática de dentista/médico
(daí o apelido) e engenheiro. Entrou para a carreira militar - pertenceu
ao Regimento Dragões de Minas Gerais - e chegou a alferes muito cedo. Decidido,
estudou muito com seus dois irmãos padres. Sua
curiosidade o levou a estudos demográficos, geográficos, geológicos,
mineralógicos. Quando morou no Rio de Janeiro, desenvolveu grandes projetos
como a canalização dos rios Andaraí e Maracanã para
melhoria do abastecimento de água - porém seus projetos não
eram concluídos por falta de deferimento do governo, o que fazia com que
seu desejo de liberdade crescesse. Mas, ao envolver-se na Inconfidência
conspirando contra a Coroa portuguesa, foi preso, em 1789, no Rio de Janeiro. |
Na segunda metade
do século XVIII, do Rio de Janeiro para o Norte, o processo econômico
dominante é a monocultura agrária sustentada pela mão-de-obra
escrava, uma espécie de feudalismo tardio importado da Europa. Já
no Centro, em Minas Gerais, e também em Mato Grosso, a presença
de ouro e diamantes, recentemente revelada, produz outro tipo de sistema econômico.
São Paulo era a província
em que mais tomara forma uma população brasileira autêntica,
pronta a tomar posse de tudo a que pudesse lançar mão: mineral,
vegetal, ou
humano. Depressa irrompem por Minas e Mato Grosso e não
viram a cara ao confronto com aqueles que se lhes opõem. Assim, em 1708,
no Rio das Mortes, chacinam os emboabas. Este é a alcunha tupi que davam
aos "reinois" (portugueses que ensacavam ouro), pois emboaba quer dizer
galinha ou pinto calçudo, evocação sarcástica das
botas de cano alto usadas pelos portugueses que vinham da Metrópole para
sacar e enviar para Lisboa o ouro do Brasil. A cidade principal da capitania é
Vila Rica, vinte mil habitantes, luxo, esbanjamento, aventura, sangue. E a nova
situação afeta os mercados do Norte, pois "isto anda tudo ligado".
O preço dos negros sobe consideravelmente nos mercados de escravos. Tanto
basta para que, no Reino, os poderosos imponham as suas vontades: esse ouro pertence
à Metrópole e não à Colônia de onde é
extraído. Se necessário, não vão hesitar em recorrer
à força. Porém, o tempo é amigo da distância
e esta é irmã do desrespeito. Os escravos são trocados por
ouro, através da Baía. As trocas comerciais estimulam o aparecimento
de novas necessidades e, conseqüentemente, alarga-se o leque das ofertas.
A sociedade prospera. Em Minas, e também em São Paulo, há
grandes feiras. Rasgam-se caminhos para o Sul, sedimenta-se o território.
O gado vem do Rio Grande, quer para o abate, quer para a produção
leiteira. A repressão aumenta, ciclo
vicioso. Novas leis ditando os direitos da Coroa sobre o ouro. Igualmente visando
pôr fim ao contrabando, a revolta cresce e nessa revolta começa a
germinar uma idéia: nacionalidade. Como todas as idéias, tem uma
história e um precursor, que por sua vez tem nome: Filipe dos Santos. | | |
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No entanto, antes do dia marcado, um dos conspiradores,
Joaquim Silvério dos Reis traiu o grupo, levando ao conhecimento do governador
Luís da Cunha Menezes o levante. A reação do governo foi
imediata com uma apuração minuciosa e completa. Disseram que Cláudio
Manuel da Costa se suicidou, mas houve dúvidas se ele não teria
morrido assassinado, nos porões da Casa dos Contos, em Ouro Preto. Todos
perderam bens, cargos e foram condenados ao degredo ou à prisão.
Joaquim José da Silva Xavier foi o único que teve um destino diferente.
Depois de permanecer por três anos incomunicável em uma masmorra,
em 21 de abril de 1792, foi enforcado (em forca erguida no campo da Lampadosa
- hoje Praça Tiradentes - Rio de Janeiro), decapitado e esquartejado. Sua
cabeça foi exposta em Vila Rica e os quatro quartos do corpo dependurados
em postes ao longo do Caminho Novo, que ele tantas vezes percorreu. Seus bens
foram confiscados e sua memória declarada infame. Mesmo após a independência
do Brasil, em 1822, Tiradentes não seria reconhecido como mártir
da Inconfidência Mineira. Somente em 1867 é que se ergueu em Ouro
Preto um monumento em sua memória, por iniciativa do presidente da província
Joaquim Saldanha Marinho. Mais tarde, no
período republicano, o dia 21 de abril se tornou feriado nacional, e, pela
lei 4.867, de 9 de dezembro de 1965, Tiradentes foi proclamado patrono cívico
da nação brasileira. Mito e herói nacional, Tiradentes, tem
seu dia comemorado - 21 de abril - pelo desejo humano da liberdade. Deu a vida
pelo povo brasileiro e pelo seu ideal. Como patrono cívico do Brasil passou
por 40 interrogatórios para assumir sozinho a culpa de uma revolução
que faria sozinho, mesmo se preciso. Ao morrer estava com a face vermelha, olhava
para o céu e comentou com o carrasco que o enforcaria: "Nosso Senhor
morreu também nu, por meus pecados". | |